Que negros foram esses
pardos, que construíram com sangue mulato os caminhos cafuzos desse Brasil
moreno?
O legado negro nesse Brasil mesclado
de cores e raças é incomparável. Não se está falando de atabaques, capoeira,
pimenta ou acarajé. Está se falando de gente, raça, cultura, força, trabalho,
construção de uma identidade nacional. Está se falando de quem ergueu a poder
de chibatas, dominados por uma sub-cultura leviana e desumana, fruto da
obtusidade cerebral de fidalgos europeus, que baseados na podridão cultural do
eurocentrismo, subjugaram não apenas os negros, mas os nativos, os descendentes
destes e todo o legado cultural que aqui se ergueu antes da infeliz chegada dos
"colonizadores" cristãos.
Passaram-se anos para que
o branco percebesse seu eterno engano. Para que o brilho da raça mãe da
humanidade refletisse na alma dos desalmados sua própria alma. Descobriu-se,
pois, a poder de muita luta que o negro tinha essência humana. Que o escravo
era gente, tinha idéias, poder de concepção e argumentação, e talvez sua
passividade ante a desgraça, não passasse de fruto da benevolência de seu
instinto humano ou sobre-humano.
A página mais suja da
história desse país relata o genocídio da escravidão e hoje quem vagueia nos
porões imundos da insensatez, são aqueles que descendem daquela linhagem de
algozes que um dia levantaram as mãos sujas de sangue para punir no pelourinho
os que com seus próprios sangue e suor, construíam as torres de seus castelos e
alimentavam o ócio de sua empáfia.
Distribuir cotas, oferecer bolsas de
miséria, criar um estatuto para eles, tornar crime o crime de racismo que já
constituía crime moral em quem tinha e tem sensibilidade humana, não repara o
fosso que foi escavado entre uma e outra geração, diante de brancos sujos de
sangue e negros de alma branca, suados do trabalho árduo da construção dessa
pátria verde amarela, que exalta nas suas cores, Bragança e Habsburgos,
dinastias encardidas que se diziam brancas e que suprimiram por séculos o
direito de sorrir de todas as cores.
Quantos escravocratas não
foram abolicionistas? Falar bem do negro está na moda. Inclusive dá voto. Não é
a miséria a que estão submetidos que incomoda ou sensibiliza as gravatas. É o
espaço que ocupam na falsa mídia que atrai os fidalgos burgueses sedentos de
"ibopes". Na miséria estamos todos. Miséria econômica, política,
moral e social. Miséria humana. Nossa pobreza é tamanha, que em pleno século 21
ainda estamos discutindo se negros e brancos são iguais.
Precisamos urgentemente de
um dia mundial da consciência branca. Para que todos os que se dizem
descendentes dessa raça, possam parar para refletir sobre seu papel na
sociedade. Sobre o que fizemos e o que estamos por fazer. Para que possamos nos
redimir ( se é que isso possível) do pecado moral que pesa na nossa
consciência, pelo que produzimos contra nossos irmãos.
Quer saber? Eu acho que
entre brancos e negros há pelo menos um quesito que os tornam diferentes: negro
nunca duvidou que branco fosse gente!
20 de Novembro, dia da consciência negra.
Texto do meu amigo , MARCOS TEIXEIRA , Acadêmico de Direito
- UERN - NOVA CRUZ-RN , Graduado em Ciências Sociais pela UFRN, Cabo da Policia Militar.
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